quinta-feira, 30 de outubro de 2008

BENEFÍCIO E GRATIDÃO

Deslizando incansável, o rio não cogita de examinar as bênçãos que conduz nem sindica o solo por onde segue.
Bailando no ar, o perfume nada pede além da amplidão para espraiar-se.
Convertendo-se em alimento, não espera o grão outra dádiva da vida senão trituramento.
O sol fecundo não escolhe sítio para visitar com luz, calor e vida.
A chuva fertilizante não tem preferência por onde espalhar vitalidade.
Todos cooperam em nome da Divindade sem exigências e sem reclamações.
São úteis e passam.
Nada esperam, nada impõem.
Aqueles que os podem utilizar, beneficiam-se e não recordam sequer dos bens que auferem com eles, mas nem por isso eles deixam de produzir.
Examinando as lições sem palavras com que a Natureza se expressa, pode o homem, com o discernimento, muito fazer em favor do próximo e de si mesmo.
Não digas, quando a ingratidão te bater à porta ”Nunca mais ajudarei a ninguém!”
Não exclames, quando a impiedade dos teus beneficiários chegar ao reduto do teu lar: “Para mim, chega! “
Não reclames, quando a soberbia dos teus pupilos queimar tuas mãos generosas com as brasas da maldade que carregam consigo: “E eu que tudo lhes dei!”
Não sofras, dizendo, quando o azorrague daqueles a quem amas te ferir o devotamento: “Arrependo-me de ter ajudado!”
Não retribuas mal por mal, pois que, assim, vitalizarás o próprio mal.
A noite domina quando encontra sombras no roteiro e a enfermidade se alastra quando se agasalha em organismos indefesos.
O bem que se faz a alguém é luz que se acende interiormente.
Gostarias, sim, de recolher gratidão, amizade, compreensão... Todos nós gostaríamos de experimentar os pontos da gratidão.
A árvore, porém, não pergunta a quem lhe colhe o fruto para onde o carrega, que pretende dele.
Felicita-se por poder dar e se multiplicar através da semente que, atirada alhures, abençoa o novo solo com outras dádivas de alegria.
Imita-lhe o exemplo.
Teus frutos bons, que produzam bons frutos além...
Tuas nobres tarefas, que se desdobrem em tarefas superiores mais tarde.
A ti a alegria de fazer, doar, e nunca a idéia de colher reconhecimento ou gratidão.
Gratidão, pode ser, também, pagamento.
Seja grato o teu coração mas não esperes pelo reconhecimento de ninguém.
A reencarnação, por impositivo da Lei, aproxima de ti queridos afetos de ontem, adversários do pretérito que te buscam para receber ou para exigir, envergando trajos diferentes e estranhos sobre espíritos conhecidos.
Refaze ou completa a tarefa interrompida, o dever esquecido.
A água do rio harmoniosa que o sol traga em hausto de calor tornará ao solo, ao curso antigo, em chuva dadivosa.
O bem que faças, viajando sem parar em muitos corações, espalhará luz no longo curso e, amanhã, - nos caminhos sem fim do futuro - mesmo que não o saibas ou o tenham esquecido, ressurgirá mais além, mais formoso, mais fecundo.

(Do livro “Dimensões da Verdade”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)

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